quarta-feira, 26 de outubro de 2011

baptismo


R. Magritte, La mémoire, 1948


hoje morreu-me
mais uma célula
instalou-se um ponto negro
na borda da memória
um cancro pronto
a estender as metástases
pelo álbum amarelado
de retratos sépia
hoje encurtou-se o tempo
que me separa
da ausência
afogou-se a lágrima
num bolso roto
desfigurada pela
secura dos olhos.
aqui
vou deixando migalhas
paulatinamente
dispostas a indicarem
o percurso
até ao cais
do poente


Sem comentários: