R. Magritte, La mémoire, 1948
hoje morreu-me
mais uma célula
instalou-se um ponto negro
na borda da memória
um cancro pronto
a estender as metástases
pelo álbum amarelado
de retratos sépia
hoje encurtou-se o tempo
que me separa
da ausência
afogou-se a lágrima
num bolso roto
desfigurada pela
secura dos olhos.
aqui
vou deixando migalhas
paulatinamente
dispostas a indicarem
o percurso
até ao cais
do poente
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