domingo, 25 de março de 2012
segunda-feira, 19 de março de 2012
sexta-feira, 16 de março de 2012
quinta-feira, 8 de março de 2012
on ne badine pas...
Gustave Klimt, A vida e a morte, 1916
Quando ela assomou à porta do meu
quarto, abri os olhos apesar do silêncio. Aproximou-se pé ante pé e quando
estava já bem perto de mim, interpelei-a com um prazer desmesurado.
- Senta-te um pouco. Não precisas
de ter pressa.
…
- Bebes?
- Em serviço, nunca.
- Que tédio! Não tem que ser um
trabalho.
- É.
- Despe-te.
Ela tentou afastar-se e
aproveitei para lhe retirar o véu negro, que afinal era um pano inteiro que a
cobria da cabeça aos pés. E detrás da imagem estereotipada que conhecia dos
livros, surgiu o corpo atraente de uma mulher de carne e osso, de pele e odor,
de água e fogo. Juntamente com a túnica caiu a máscara e a voz tornou-se doce.
- Não devias ter feito isso…
- O que queres beber?
- Acho melhor não…
- Não quero fugir de nada. Mas
gostava de te conhecer.
- E não me conheces, já?
- Só indiretamente. Nunca vieste
buscar-me a mim.
- …
- Estou pronta. E agora que te
vi, assim despida, é com prazer que te acompanho.
- Nunca ninguém me acompanha com
prazer.
- Mas eu, sim.
- Estás a tentar seduzir-me…
- Não posso. És tu que me levas.
És tu a predadora.
- Apenas cumpro ordens.
- (Risos) De quem?
- Eu sei que não acreditas. Não
vale a pena perder tempo.
E levanta-se para vestir de novo o
negro que representa o seu papel. Agarro-lhe a mão, puxo-a para mim e sobre a
cambraia beijo-a nos lábios, entregando-me com prazer ao seu domínio. Ela
abraça-me pela cintura e leva-me desta vida, sem a leveza da tarefa cumprida,
porque a minha entrega foi tranquila.
Morri com um sorriso cúmplice.
domingo, 4 de março de 2012
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